quinta-feira, 29 de outubro de 2015

O que é ter FÉ?

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Todos conhecemos pessoas que frequentam a igreja e, no entanto, se comportam de modo contrário aos valores evangélicos: tratam subalternos com desrespeito, sonegam direitos de empregados, discriminam por razões raciais ou sexuais.
Pessoas que enchem a boca de Deus e trazem o coração entupido de ira, inveja, soberba, são indiferentes aos direitos dos pobres e omitem-se em situações graves que lhes exigem solidariedade.
E temos a nossa volta, no círculo de amizades, pessoas ateias ou agnósticas que, em suas atitudes, transparecem tudo o que o Evangelho acentua como valores: amor ao próximo, justiça aos excluídos, solidariedade aos necessitados, partilha de bens, etc.
O catecismo da Igreja Católica, aprovado por João Paulo II, em 1992, e elaborado sob a supervisão do téologo Ratzinger, futuro papa Bento XVI, define a fé como “adesão pessoal do homem a Deus”. E acrescenta que é “o assentimento livre de toda a verdade que Deus revelou”. E a portadora dessa verdade é a igreja.
Assim, só teria verdadeira fé cristã quem submete seu entendimento ao que ensina a autoridade eclesiástica (papa, bispos e pastores). Por causa dessa maneira de entender a fé, o que se crê se tornou mais importante do que como se vive. Criou-se uma ruptura entre fé e vida. A ponto de pesquisa na França, ao indagar a diferença entre um empresário sem religião e outro cristão, a maioria apontou um único detalhe: o segundo vai à missa de vez em quando. No resto, em nada diferem...
Para Jesus, quem tinha fé? A resposta é desconcertante. Em Mateus 8, 10, Jesus declara que o homem com mais fé que até então havia encontrado era um oficial romano, um centurião. Ora, como Jesus pôde elogiar a fé de um oficial pagão? O episódio demonstra que, para Jesus, a fé não consiste, em primeiro lugar, naquilo que se crê, e sim no modo de proceder. Aquele pagão era um homem sensível, solidário, preocupado com o sofrimento de um servo.
A mesma atitude de Jesus se repete no caso da mulher cananeia, que também era pagã. A mulher pede a Jesus que lhe cure a filha. Diante dela, Jesus reconhece: “Mulher, grande é a sua fé!” (Mateus 15, 28). Grande, não por causa da crença da mulher, e sim por seu procedimento amoroso.
O mesmo ocorre no caso do samaritano hanseniano, curado em companhia de nove judeus (Lucas 17, 11-19). Os judeus, segundo suas crenças religiosas, se apresentaram aos sacerdotes, como recomendou Jesus. Já o samaritano, que não obedecia às prescrições das autoridades religiosas e não se sentia obrigado a submeter-se a elas, retornou para agradecer a Jesus, que lhe exaltou a fé: “A sua fé o salvou” (Lucas 17, 19).
Para Jesus, portanto, a fé, antes de se vincular a um catálogo de crenças, a uma doutrina, se relaciona a um modo de viver e agir. Jesus, por vezes, duvidou da fé de quem estava mais próximo dele (Marcos 4, 40). Discípulos e apóstolos foram considerados “homens de pouca fé” (Mateus 8, 26).
Jesus fez a desconcertante afirmação que prostitutas e cobradores de impostos terão precedência no Reino de Deus, e não os “exemplares” sacerdotes (Mateus 21, 31).
Isso deixa claro quem Jesus reconhecia como crente. Não propriamente quem aceita o que prega a religião, e sim quem age por amor, solidariedade e justiça, como o bom samaritano (Lucas 10, 29-37).

Ter fé é, sobretudo, viver de acordo com os valores segundo os quais vivia Jesus. A igreja está em crise. Suas autoridades culpam o laicismo, o relativismo, o hedonismo. Ora, será que as autoridades religiosas, e nós, frades, freiras, padres e pastores, não temos culpa nisso, por apresentar a fé cristã como verdades cristalizadas em doutrina, e não expressada em vivência?

Frei Betto

Espiritualidade e Religião

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A espiritualidade é anterior à institucionalização das crenças e, em vez de respostas, traz perguntas, tolerância, meditação.
Há, hoje, uma busca difusa por espiritualidade. Porém, os sedentos não encontram com facilidade o caminho do Poço de Jacó (João 4).
Até o surgimento do cristianismo, as religiões se prendiam a limites étnicos, culturais e territoriais. O apóstolo Paulo universalizou a proposta de Jesus, estendeu-a a todos os povos sem precisarem renunciar a suas identidades culturais.
Por que espiritualidade e não propriamente religião? Espiritualidade e religião se complementam, mas não se confundem. A espiritualidade existe desde que o ser humano irrompeu na natureza. As religiões são recentes, datam de oito mil anos.
A religião é a institucionalização da espiritualidade, como a família o é do amor. Há relações amorosas sem constituir família. Há espiritualidade sem identificação com religião. Há, inclusive, espiritualidade institucionalizada sem ser religião, caso do budismo, uma filosofia de vida.
As religiões, em princípio, deveriam ser fontes de espiritualidade. Em geral, elas se apresentam como catálogos de regras, crenças e proibições, enquanto a espiritualidade é livre e criativa. Na religião, predomina a voz exterior, da autoridade religiosa. Na espiritualidade, a voz interior, o “toque” divino.
A religião é instituição; a espiritualidade, vivência. Na religião há disputa de poder, hierarquia, excomunhões, acusações de heresia. Na espiritualidade predominam a disposição de serviço, a tolerância para com a crença (ou a descrença) alheia, a sabedoria de não transformar o diferente em divergente.
A religião culpabiliza; a espiritualidade induz a aprender com o erro. A religião ameaça; a espiritualidade encoraja. A religião reforça o medo; a espiritualidade, a confiança. A religião traz respostas; a espiritualidade, perguntas. Religiões são causas de divisões e guerras; espiritualidades, de aproximação e respeito.
Na religião se crê; na espiritualidade se vivencia. A religião nutre o ego, uma se considera melhor que a outra. A espiritualidade transcende o ego e valoriza todas as religiões que promovem a vida e o bem. A religião provoca devoção; a espiritualidade, meditação. A religião promete a vida eterna; a espiritualidade a antecipa. Na religião, Deus, por vezes, é um conceito; na espiritualidade, experiência inefável.
Há fiéis que fazem de sua religião um fim. Ora, toda religião, como sugere a etimologia da palavra (religar), é um meio de amar o próximo, a natureza e a Deus. Uma religião que não suscita amorosidade, compaixão, cuidado do meio ambiente e alegria serve para ser lançada ao fogo.
Há que se cuidar para não jogar fora a criança com a água da bacia. O desafio é reduzir a distância entre religião e espiritualidade. E não abraçar uma religião vazia de espiritualidade nem uma espiritualidade solipsista, indiferente às religiões.
Há que fazer das religiões fontes de espiritualidade, amor e justiça. Jesus é exemplo de quem rompeu com a religião esclerosada de seu tempo e vivenciou e anunciou uma nova espiritualidade, alimentada na vida comunitária, centrada na atitude amorosa, na intimidade com Deus, na justiça aos pobres, no perdão. Dela resultou o cristianismo.
Quem pratica os ritos de sua religião, acata os mandamentos e paga o dízimo, mas é intolerante com quem não pensa ou crê como ele, pode ser um ótimo religioso, mas carece de espiritualidade. É como uma família desprovida de amor. A espiritualidade deveria ser a porta de entrada das religiões.

Frei Beto

sexta-feira, 19 de junho de 2015

O QUE DIRIA JESUS DE NAZARÉ, SOBRE A REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL?

O que diria Jesus de Nazaré, sobre a redução da maioridade penal?



“Com todo respeito aos que seguem Pastores
E aos que, em nome de Deus, elegem políticos cruéis…
Me permitam, por favor, uma pergunta aos fiéis:
Na missa, no culto, na cerimônia final
O que diria Jesus, sobre a Redução da Maioridade Penal?”

Em resposta à minha “má versação”, um novo amigo, religioso e militante social de longa data, Levi Araújo, nos presenteou com o lindo texto abaixo. Ele é Pastor Batista e me ajudou a reafirmar uma convicção: Jesus seria contra a redução da maioridade penal!

Douglas Belchior

Eu sou cristão evangélico e sou contra a redução da maioridade penal.

Tenho que admitir que muitos não aguentam mais a belicosidade, a desonestidade intelectual, as falácias e as desinformações que dominaram a grande maioria dos debates sobre a redução.

Proponho que olhemos esse tema sob a ótica dos ensinos do Príncipe da Paz, principalmente quando ele fala sobre a vingança, justiça e compaixão diante do contexto de violência que marcaram o seu nascimento, vida e morte.

Jesus não veio para prender, ele veio para nos libertar principalmente dos conceitos e conclusões equivocados que fazemos e propagamos sobre o que ele ensinou. Ele também veio nos libertar de uma perigosa interpretação literal da bíblia sagrada que ignora os aspectos históricos, culturais e literários que emolduram especialmente os textos do velho testamento. Isso mesmo, Jesus nos liberta da própria bíblia enquanto mãe de todas as heresias, espada dos inquisitores iracundos e régua moral das virgens vestais da religião.

Aos líderes religiosos, hipócritas e manipuladores não faltam textos bíblicos que podem sugerir autorizações a violências, opressões e ações punitivas, por isso que até o estudioso mais noviço sabe que a chave hermenêutica da bíblia sagrada é Jesus e a sua história. Com essa chave de ouro da interpretação bíblica, nós podemos abrir livro a livro e texto a texto sabendo o que pode ou não ser aplicado hoje.

Embora a vingança pertença somente a Deus, Ele não veio para se vingar e a resposta quando estava sendo violentado e prestes a morrer na cruz do Calvário foi o perturbador Pai, perdoa-os, pois eles não sabem o que fazem. O seu conceito de fazer justiça sempre foi injusto para a nossa essência vingativa e meritória. O bateu levou ruboriza os rostos honestos diante da grandeza dooferece a outra face.

Mas o que mais me impressiona no Homem de Nazaré é a sua compaixão, o doer e sofrer com o doído e sofredor. Ele olhava os pecadores para além dos seus pecados, os doentes para além das suas doenças, os possessos para além das suas possessões. Ele é o Bom Pastor que desencoraja apedrejamentos, um Deus que chora com os que choram inconsoláveis as mortes das pessoas amadas, que se identifica e se coloca no lugar do outro. Da via dolorosa ao Monte Caveira, ele se assemelhou radicalmente com as suas imagens e semelhanças em seus maiores horrores. Ele sabe muito bem o quanto dói ser humilhado, torturado e morto. Por isso que todos os violentados, feridos e condenados podem se identificar com a cruz de Jesus.

Com Jesus eu não aprendo a ignorar ou minimizar as violências. Os seus ensinos não são apologia a impunidades, neles eu encontro a base suficiente para afirmar que a sua resposta ou solução ao problema da violência, passa por uma adequada responsabilização dos agressores, com o espírito de quem veio salvar e resgatar o que se perdeu, acreditando sempre na restauração e ressocialização, como aconteceu com o endemoninhado gadareno, que ele devolveu são e livre para a sua família e comunidade.

A proposta pacífica, perdoadora e reconciliadora de Jesus não coisifica as pessoas, ao contrário, as contempla como sujeitos e não objetos, como gente e nunca como escória.

Jesus nasceu em meio à matança dos inocentes onde Heródes, buscando a sua perpetuação no poder, reduziu a idade penal aos dois anos de idade e, quando tinha pouco mais de trinta e três, foi executado com a pena capital romana como um criminoso e inimigo do império. De violência e punição Jesus entende bem!

Dentre as mais belas passagens conhecidas, o Sermão da Montanha foi considerado por Gandhi a Constituição da Sociedade Ideal, um discurso poderoso que alimenta até hoje todos os movimentos pacifistas. Seu conteúdo foi, no contexto da época, um tratado de paz apresentado às pessoas massacradas pela máquina de guerra romana.

Imaginem um público de crianças, adolescentes, mulheres e velhos violentados, explorados, a maioria de órfãos e viúvas abandonados e usurpados em suas dignidades e integridades, pessoas sofridas, inseguras e amedrontadas ouvindo as seguintes palavras do filho de um carpinteiro:

— Vocês ouviram o que foi dito: “Olho por olho, dente por dente.” Mas eu lhes digo: não se vinguem dos que fazem mal a vocês. Se alguém lhe der um tapa na cara, vire o outro lado para ele bater também. ( … ) — Vocês ouviram o que foi dito: “Ame os seus amigos e odeie os seus inimigos.” Mas eu lhes digo: amem os seus inimigos e orem pelos que perseguem vocês, para que vocês se tornem filhos do Pai de vocês, que está no céu.

Não é preciso conhecer muito sobre Jesus para perceber que tudo o que ele ensinou destoa significativamente do discurso de alguns defensores da sua cruz, da família tradicional, do próprio Deus e, logo, da redução da maioridade penal. O que esses defensores realmente desejam é usar a insegurança e violência pública para ter apoio popular e financeiro suficiente nas suas escaladas em nome de Deus, na possessão dos pináculos do poder de Brasília.

Originalmente postada no blog do Negro Belchior

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

A Pergunta que ninguém quer responder!!!



Antes de mais nada quero deixar claro o seguinte: Não questiono aqui a existência de "Um Ser Maior" (aquele que vocês chamam de Deus). O que questiono é "sera que ele é assim como vocês dizem"? Segundo os evangélicos, quem não aceitar a Jesus como único Salvador não vera o reino dos céus! e a bíblia afirma que quem não nascer de novo não terá acesso ao paraíso.


Poxa amigos isso não é errado???..não é anti-ético?? Como pode uma religião afirmar que todos os membros de uma outra religião ou filosofia irão ser torturados pela eternidade nas chamas do inferno???... Como ficam os índios que nunca tiveram contato com civilizações evangélicas????..... vão ser torturados também??? E os Espiritas, Judeus, Budistas, Xintoistas, crianças e jovens de outras religiões, também vão ser torturados com fogo pela eternidade?? .... isso não é algo meio sádico???Pensem no seguinte: ...se vocês nascessem no Japão e todos os seus familiares e parentes fossem budistas (o que é muito comum por la) vocês se tornariam evangélicos?? ....olha falo do fundo do meu coração, vocês iriam defender o budismo da mesma forma que defendem o cristianismo e se nascessem no meio dos índios??? la eles acreditam em deus da pedra, deus do sol e muitos de seus costumes contrariam as leis da bíblia, muitos deles nunca tiveram acesso ao cristianismo... (pensem nas varias gerações de índios que viveram no Brasil antes de 1500.. era impossível o acesso ao cristianismo nesta época). Pensem nessas perguntas com amor:

1 - Sera mesmo que vocês tiveram a grande sorte de nascer exatamente em uma região e época onde o acesso a religião correta é fácil? 
2 - Se você sente no fundo do seu coração que a sua religião é a correta, como você responde aos outros de outra fé que afirmam a mesma coisa?
3 - Já que existem incontáveis religiões no mundo afirmando ser a única religião verdadeira, por que você pensa que a sua é mais verdadeira do que a deles?
4 - A própria Bíblia diz: “Maldito homem q confia no homem”. Mesmo assim confiamos em palavras, ditas e escritas por homens para salvarmos nossas almas??? ai vc ira responder que eram homens inspirados por Deus, então eu te digo que essa informação também vem da bíblia, ou seja, os mesmos que escreveram ela são os mesmos que disseram que eram inspirados por Deus.... No final das contas sempre confiamos em palavras de outros homens.

Eu sei q você sente nas profundezas de sua alma que a sua religião é a verdadeira, e eu respeito seu sentimento. Mas o budista, o espirita, o católico, o muçulmano, o xintoísta, etc... também sentem no fundo de sua alma a mesma coisa! com direito a bençãos, testemunhos e milagres que acontecem em varias religiões e não só na sua. Não precisa responder se não quiser, pense só com você... Não estou falando por mal ou para atacar alguma religião... só trago esses questionamentos porque acho que são assuntos que deveriam ser postos na mesa com mais frequência. Nas igrejas que já frequentei, jamais ouvi um pastor falar sobre isso, e quando eu questionava sobre tal assunto, davam uma resposta vaga, e faziam um esforço descomunal para mudar de assunto. Faço um apelo a todos. Levem esse questionamento aos líderes da sua igreja, prof. da Escola dominical, ou algum colega ou familiar que esteja aberto a um diálogo sensato e livre de vaidades e orgulho.Vamos deixar fluir as questões de nossa alma sem interferências ou represálias. Digo isso porque fui muito criticado e alguns líderes religiosos e representantes de algumas comunidades me xingaram de coisas horríveis, apagaram meus posts e me expulsaram da comunidade por causa dessa indagação. Se por acaso alguém quiser levar essa questão para uma outra comunidade, não precisa me deixar scrap... sintam-se livres em copiar e editar ela da forma que mais lhe convir...contanto que também permitam a copia e edição da mesma por outros membros.abraços a todos
A Paz.


VOCÊ COMO CRISTÃO, O QUE DIRIA PARA ESTE JOVEM?

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Querida Igreja, Saiba Por Que Realmente Estamos Te Deixando…




Desabafo de um jovem que saiu da igreja. 

Estar do outro lado do Êxodo é horrível, não é? Eu vejo pânico em seu rosto, igreja.

Eu sei do terror interno que cresce em você à medida em que vê as estatísticas, ouve as histórias e examina as pesquisas de saída.

Eu te vejo desesperadamente se atrapalhando para fazer o controle de danos com os que ficaram, e tentando fabricar paixão com uma fé que só encolhe, e eu quero te ajudar.

Você pode achar que sabe a razão de as pessoas estarem te deixando, mas eu não acho que você saiba.

Você acha que é porque a “cultura” está tão perdida, tão perversa, tão além do limite que está fazendo todos irem embora.

Você acredita que a razão principal dessa evasão é que eles fecharam seus ouvidos para a voz de Deus; buscando dinheiro, sexo e coisas materiais.

Talvez você até ache que os gays, os Muçulmanos, os Ateístas e as estrelas pops esculhambaram tanto a moralidade do mundo que as pessoas estão abandonando a fé aos montes.

Mas estas não são as razões pelas quais as pessoas estão te deixando.

Elas não são o problema, Igreja.

Você é o problema.
Deixe-me elaborar em cinco questões…

1 – Seus cultos se tornaram ralos.
O púlpito ornamentado, as luzes, a equipe de louvor, o novo projetor de vídeo, tudo isso se tornou um ruído para aqueles que realmente estão tentando encontrar Deus. Eles até agradam e distraem por uma hora, mas possuem tão pouca relevância na vida diária das pessoas que elas estão zarpando.

Claro, as músicas são lindas e o programa é ótimo, mas ultimamente o Sábado/Domingo de manhã não está fazendo muita diferença na Terça a tarde ou na quinta a noite, quando as pessoas estão lutando com o desastre, com a bagunça e com as dores adquiridas nas trincheiras da vida; nos lugares onde uma bela doxologia não ajuda.

Nós podemos ser entretidos em qualquer outro lugar, inclusive com mais qualidade. Até que você nos dê algo mais do que uma peça teatral de temática cristã, algo que nos proporcione espaço e fôlego e relacionamentos e diálogos, muitos de nós iremos permanecer aqui fora.

2 – Você está usando uma língua estrangeira.
Igreja, você fala e fala e fala, mas está usando uma língua morta. Você se apega a palavras empoeiradas que não possuem ressonância nos ouvidos das pessoas, sem perceber que apenas falar essas palavras mais alto não é a resposta. Todas as expressões e palavras-chave que funcionavam 20 anos atrás não funcionam mais.

Essa linguagem interna espiritualizada pode te dar certo conforto em um mundo que está mudando, mas este é um pensamento egoísta e apenas mantém as pessoas a uma certa distância. Elas precisam te ouvir em uma linguagem que possam entender. Existe uma mensagem que vale a pena ser compartilhada, mas é difícil ouvir no meio te tanta pirotecnia verbal.

As pessoas não precisam ser deslumbradas com algo grande, palavras igrejeiras, painéis escatológicos e sistemas teológicos complicados. Fale com elas de forma clara e abundante sobre amor, alegria, perdão, morte, paz, Deus, e elas ouvirão. Mantenha o discurso interno e em breve as palavras ecoaram em um prédio vazio.

3 – Sua visão não vai além das paredes.
Os bancos confortáveis, o equipamento de última geração, o novo sistema de ventilação e a ala infantil são top de linha… e caros. Na verdade, a maior parte do seu tempo, dinheiro e energia parece ser atrair as pessoas para onde você está ao invés de alcançá-las onde elas já estão.

Ao invés de simplesmente caminhar na vizinhança ao seu redor e se associar às coisas maravilhosas que já estão acontecendo, e as coisas belas que Deus já está fazendo, você parece satisfeita em anunciar a franquia da sua marca particular de Jesus, e esperar que o mundo pecador bata em sua porta.

Você quer alcançar as pessoas que estão perdidas? Saia do prédio.

4 – Você escolhe batalhas pobres.
Nós sabemos que você gosta de lutar, Igreja. Isso é óbvio.

Quando você quer, você vai pra guerra com artilharia pesada. O problema é que suas batalhas são mal direcionadas. Protesto contra fast-food, reality-show, piada ruim sobre o cristianismo na tv. Tudo isso pode gerar um alvoroço no Facebook e no Twitter do lado de dentro, para os já convencidos, mas são apenas fogo de palha para os que estão aqui fora com sangue nas botas.

Todos os dias vemos um mundo sufocado pela pobreza, racismo, violência, intolerância e ódio; e em face dessas questões, você fica estranhamente, assustadoramente calada. Nós gostaríamos que você fosse mais corajosa nessas batalhas, pois assim, teríamos prazer em ir à guerra com você.

Igreja, nós precisamos que você pare de ser guerrilheira contra o trivial e indiferente quanto ao terrível.

5 – Seu amor não parece amor.
Amor parece ser uma grande questão para você, Igreja, mas não sabemos onde ele vai parar quando a coisa fica mais séria. Na verdade, mais e mais, esse slogan de amor parece incrivelmente seletivo e definitivamente estreito; filtrando toda a gentalha cristã, que infelizmente parece incluir demasiados de nós.

Sinceramente? Parece uma dessas propagandas enganosas com letrinha miúdas no canto baixo da TV. Anunciam uma festa do tipo “Venha como estás”, mas fazem questão de deixar claro que uma vez que tenhamos chegado à porta, não podemos realmente entrar como estamos. Nós vemos um Jesus na Bíblia que andava com a gentalha da sociedade, prostitutas e trapaceiros, e os amava ali mesmo, mas essa não parece ser a sua concepção de amor, não é?

Igreja, você consegue nos amar se não preenchermos todos os requisitos doutrinários e não tivermos nossa teologia toda desvendada ainda?

Você consegue nos amar se xingarmos, bebermos, fazermos tatuagens, ou Deus nos livre, ouvirmos rock? Não acho que consigam.

Você consegue nos amar mesmo que não saibamos ao certo como definir amor, casamento, céu, inferno? Não parece.

Do que sabemos sobre Jesus, acreditamos que ele se pareça com o amor. O grande infortúnio, é que você não se parece muito com Ele.

Essa é uma parte da razão pela qual as pessoas estão te deixando, Igreja.

Estas palavras podem te deixar muito, mas muito zangada, e talvez você revide dando um contragolpe na jugular para se defender, ou talvez ataque estas declarações linha por linha, mas nós gostaríamos muito que você não fizesse isso.

Nós gostaríamos que você se sentasse em silêncio com essas palavras por um tempo, porque quer você acredite que elas estão certas ou erradas, é isso que estamos sentindo, e essa é toda a questão.

Nós somos os que estamos saindo.

Queremos importar para você.

Queremos que você nos ouça antes de debater conosco.

Nos mostre que seu amor e seu Deus são reais.

Igreja, nos dê uma razão pra ficar.

“Não sou eu, é você.” Parece que é isso que você está dizendo, Igreja.

Estou tentando abrir meu coração com você. O meu e o de milhares e milhares de pessoas iguais a mim que estão indo embora. Tudo isso para você saber do dano que você está nos causando e do doloroso legado que está deixando, e aparentemente, o problema não é você.

O que na verdade não deixa de ser um problema.

Eu prostrei minhas frustrações em seu interior, em sua retórica religiosa, e você me respondeu com um corta e cola de passagens aleatórias das Escrituras, insistindo que o problema real é apenas ignorância bíblica, sugerindo que eu só preciso me arrepender e comprar uma Concordância, seja lá o que for isso.

Eu te deixei saber o quão julgado e ridicularizado eu me sinto quando estou com você, o quão desesperado e caído eu me sinto no interior de sua comunidade, e você prossegue me dizendo o quão perdido eu estou, o quão perdidamente apaixonado pelo meu pecado eu devo estar para te deixar, me lembrando, na saída, que eu nunca pertenci a você de qualquer forma.

Em face de qualquer reclamação e mágoa, você deixou claro que o real motivo é que eu sou pecador, imoral, herético, tolo, das trevas, egoísta, consumista ou simplesmente ignorante.

E para falar a verdade, na maioria dos dias eu nem discordo de você nesse aspecto.

Talvez você esteja certa, Igreja.

Talvez eu seja o problema.

Talvez seja eu, mas eu é tudo o que sou capaz de ser neste momento, e é aqui que eu tinha esperanças que você pudesse me encontrar.

É aqui, em meu falho, bagunçado, ferido, chocado, duvidoso, desiludido e ameaçador mundo que eu esperava que você pudesse me encontrar com esse suposto e audacioso amor de Jesus que eu tanto ouvi falar.

Igreja, eu sei o quanto você despreza a palavra Tolerância, mas neste momento, eu realmente preciso que você me tolere, que você tolere aqueles de nós que, por qualquer que seja a razão e que você ache injustificável, estão lutando para ficar.

Estamos tão cansados de nos sentirmos como se fossemos apenas uma agenda religiosa; um argumento a ser ganho; um ponto a deixar claro; uma causa a defender; uma alma pra conquistar.

Nós queremos ser mais do que uma estrela na sua coroa; um número no seu relatório de batismos.

Nós precisamos ser mais do que respostas a apelos, que são aplaudidos no altar, e então esquecidos quando a música acaba.

Estamos orando para que você pare de nos doutrinar, de nos julgar, de nos condenar, de diagnosticar nossos pecados, apenas tempo suficiente para nos ouvir…

… mesmo que nós sejamos o problema.

Mesmo se formos a mulher em adultério, ou o seguidor em dúvida, ou o pródigo rebelde, ou o jovem endemoninhado, pois não conseguimos ser outra coisa neste momento. E é neste momento que precisamos de uma igreja que seja grande o suficiente, firme o suficiente, amorosa o suficiente, não apenas para nós como poderemos vir a ser um dia, mas para nós como somos, agora.

Ainda acreditamos que Deus é grande o suficiente, firme o suficiente, amoroso o suficiente, mesmo que você não seja, e é por isso que mesmo que estejamos te deixando, não significa que estamos abandonando nossa fé; é só que nesse momento, a fé parece mais alcançável em outro lugar.

Eu sei que você vai argumentar que está fazendo todas essas coisas e dizendo todas essas coisas porque você nos ama e se importa conosco, mas do lado de cá, você precisa saber que se parece menos com amor e preocupação e mais com distância e silêncio.

Se alguém está frustrado, dizer a ele que é errado estar frustrado é, bem, muito frustrante.

Apenas gera distância.

Se alguém compartilha que seu coração está ferido, ele não quer ouvir que não tem o direito de estar ferido.

É uma quebra no diálogo.

Se alguém te diz que está faminto por compaixão, relacionamento e autenticidade, a última coisa que ele precisa é ser censurado por estar com fome.

É um chute no traseiro enquanto sai pela porta.

Portanto sim, Igreja, mesmo que você esteja certa, mesmo que estejamos totalmente errados, mesmo que sejamos todos mesquinhos, auto-centrados, hipócritas, críticos, e devo dizer pecadores, nós ainda somos aqueles que estão procurando por um lugar onde possamos pertencer e sermos conhecidos; um lugar onde Deus habite, e só você pode nos mostrar isso.

Mesmo que o problema seja eu, sou eu quem você precisa alcançar, Igreja.

Então, pelo amor de Deus, me alcance!
John Pavlovitz, johnpavlovitz.com tradução livre: Cristãos Cansados]


***

Um texto que vale a pena ler e refletir. 

E a minha opinião? Bem, eu diria o seguinte: de fato, há muitos que são feridos em nome de "Deus" e em nome da "igreja". Há uma dificuldade imensa em discernirmos o que é a igreja brasileira. Este movimento gospel cuja sua imensa parte é sem conhecimento ou insano. Mas, eu acredito na Igreja de Cristo! Ela o ajuntamento das pessoas que amam a Cristo e ao próximo! Eu acredito na IGREJA, porque sou a IGREJA, você é a IGREJA, mas oro para que façamos nosso papel de amar e não colocarmos obstáculos para aqueles que desejam caminhar conosco.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Fragmentos de uma velha “igreja” que ama o legalismo, as heresias, e ainda é Gospel



Primeiro eles pregavam sempre desmascarando a idolatria da Igreja Católica, #sóque depois perceberam que havia também muitos ídolos no meio deles.

Depois, uma onda legalista tentou moldar a aparência da igreja, #sóque Cristo não agia conforme a estética do homem - o mestre sempre ia no coração e nas intenções, então ir julgar pela aparência deu no que deu...

Mesmo assim eles disseram como era a forma correta de se vestir, #sóque então perceberam que tudo acabava em vaidade.

Daí privaram as ‘irmãzinhas’ da maquiagem, corte de cabelo, brinco e calça comprida, #sóque a vaidade proibida no vestir sempre era transferida para vícios como novelas, consumismo, senso de superioridade ou até mesmo, inveja.

O legalismo chegou a dizer que jogar futebol era pecado, #sóque em época de Copa do Mundo, até o pastorzin proibicionista cantava “voa canarinho voa...”.

Depois eles proibiam alguém de ir a determinado local para não se contaminar com o mundo, #sóqueentão perceberam que o mundo já estava dentro da igreja.

Depois eles baniram da pauta relacionamento e sexualidade a fim de que jovens fossem puros por mero desconhecimento, #sóque então viram que a pornografia e o sexo há tempos se instalaram no meio deles.

Depois eles acusaram o rock como um estilo diabólico, #sóque posteriormente, para nossa tristeza admitiram o bolero, o brega e por fim, até o pagode.

Depois eles disseram que cinema era do capeta, #sóque a grande maioria hoje são cinéfilos e ainda possuem um telão flúor HD, uma Sky recheada de canais HBO, pipoca e muito guaraná.

Depois eles disseram que o vinho da Bíblia não tinha teor alcoólico (era um suco) a fim de proibir o uso pelos fiéis, #sóque tempos depois se convenceram que era ‘vinho mesmo’ e voltaram atrás quando leram um trecho na Bíblia que dizia “não vos embriagueis com vinho”.

Depois, para tentar expulsar o “mundanismo” já instalado na igreja, eles sacralizaram o lugar do culto (a igreja) ao afirmarem que Deus só operava naquelas quatro paredes, #sóque depois se viram em crise quando leram que Deus não habita mais em templos feito por mãos, mas em gente.

Passada a polêmica do rock no culto, surgiu a ideia de hierarquizar os fiéis, daí para reconquistar, inventaram que os músicos eram levitas, #sóque esqueceram que o porteiro também deveria ser, o zelador, etc. e tal...no final, até hoje eles levitam nessa ideia.

Depois de dado privilégios aos “levitas”, continuaram hierarquizando... surgiram os “ungidos”, sobretudo apóstolos, #sóque eles não se deram conta de que ainda há gente que lê as escrituras, desmascara e expõe ao ridículo os pseudo-apóstolos -> isto até parece ser um ato de maldade, mas pelo contrário, faz bem e é bíblico!!

Então, se sentindo ameaçados, eles tiraram Cristo do centro do culto, desmotivaram a igreja a ler as Escrituras afirmando que a letra mata e a teologia enterra, #sóque esqueceram de que Deus fala través das Escrituras e não das curas, milagres ou depoimentos pessoais.

Outros, já escrachadamente, esconderam a Bíblia, ocultaram Jesus, fizeram sua própria cartilha de fé e puseram uma foto enorme de si mesmos na frente da igreja vendendo curas e milagres, #sóqueesses vão pagar com a alma, vamos só aguardar o cumprir-se de Mateus 7.15-19.

O outro, bem mais esperto, e por pura persuasão passava (e ainda passa) os seis dias da semana usando a Bíblia nos seus discursos, ganhando espaço na mídia, defendendo a família, a moralidade, mas no sétimo dia trazia um impostor internacional pra liberar unção financeira e cobrar sua “indulgência”, #sóque cuidado! esse é muito mala, a muitos enganará ainda...se possível até os escolhidos.

Então, já nos ditames do século XXI, eles transformaram a igreja tradicional em igreja gospel e o resultado foi um estrondo de adesões e “sucessos” nos cultos geridos por shows e manifestações de poder, #sóque não perceberam que a “modernidade gospel” continuou expulsando Cristo e a suficiência das Escrituras em detrimento do homem e suas habilidades.

Então voltaram a tentar desembelezar a vida e a dizer que ouvir música do mundo era pecado,#sóque onde se encontra a música de Marte, Vênus, Plutão? 

Por isso então eles reinterpretaram a vida entre Deus e o diabo, sagrado e profano, batalha espiritual, teísmo aberto, cobertura espiritual, maldição hereditária, lagoas, vales, sapos, vasos...#sóque eles não conhecem a canção que diz “é que o sagrado se tornou hilário” (o resto deu preguiça de cantar...digita essa frase no youtube e escuta lá -> #FICADICA)

Daí, o mercado gospel fez com que a igreja ficasse feliz ao se ver lá na Globo, #sóque eles não perceberam que a Globo não queria nem o Evangelho para si e nem tampouco para transmiti-lo ao mundo – aliás, eu ainda me pergunto: mas quando a Globo ouviu do Evangelho? Quem falou dele lá?

Então... a grande maioria continuou enganada (vida de gado, povo marcado, povo feliz...) e continua ainda dizendo que os “crentes” vão ganhar a nação para Cristo, #sóque eles parecem idiotas ao ignorarem a lógica do reino, onde estreita é a porta que leva a salvação e onde poucos acertarão (sim, e Marina Silva perdeu hein– registrado!).

Ainda no meio de tanta confusão, continuaram surgir mais “astros gospel” para fazer festa em meio ao caos e enriquecer em meio a miséria social, #sóque livrar a “igreja” da depressão da irrelevância de só ‘inchar, inchar, inchar,’ tornou-se só mais um indício de que ela respira com ajuda de aparelhos – e quem desligará? (sugestões??)

Então meus amigos leitores....veja só, em meio a isso tudo, uma grande minoria ainda se levanta para denunciar todos equívocos, heresias, e irrelevâncias dessa “igreja” que por tantas fases estranhas passou (e ainda passa, por constantemente revisitar cada situação comentada), #sóque ela infelizmente ainda ignora a preciosidade do Evangelho, uns por serem idólatras de fato, outros por serem iscas de ratos. Contudo, note, de lá se ouve as seguintes acusações em relação aos subversivos como eu e, quem sabe você:

- de serem divisores do reino

- de tocarem no ungido do Senhor

- de não entenderem que o movimento gospel é parte do avivamento da igreja

- de serem libertinos quanto à cultura

- de não entenderem o poder sobrenatural de Deus

- de serem céticos quanto a curas e milagres

- e, até de serem falsos profetas.

#sóque eu não tô nem aí!

Vou continuar a denunciar e a conclamar a necessidade do retorno às Escrituras, a preciosidade do Cristo e a simplicidade do Evangelho. Se é pra rachar, que rache!! Pois o que rachar, não é Igreja, e não era Evangelho!!

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Fonte: Arte de Chocar. http://www.artedechocar.com/2014/12/fragmentos-de-uma-velha-igreja-que-ama.html

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

A loucura do Evangelho sim, a "loucura dos Evangélicos", jamais!






Como bem dizia Lutero: “quanto ao amor devemos ser flexíveis como uma cana ou a folha, pois o amor cede, mas quanto à verdadeira fé devemos ser invencíveis, e, se possível, mais duros do que o diamante”.

Portanto, amigos leitores quando posto algum comentário sobre algum vídeo ou notícia relacionada o meio evangélico (com todas suas variedades e esquisitices) não estou falando sobre amor, logo posso não ser flexível como a cana, ou folha. A saber, que o amor não depende de convicções pessoais, o amor é mandamento. Assim, do mesmo modo, para que eu ame não significa que devo me omitir em lançar opinião.

O que ocorre frequentemente nesse espaço é que alguns colegas confundem “defesa de fé” com falta de amor – desta feita, confesso que é muito difícil ser entendível pra estes. Alguns interpretam que estamos dividindo a igreja, ou que estamos provocando a falta de união. Recentemente postei algo relacionado aos Aviva’s, cuja prática está linkada ao modus operandi do suposto avivamento que o Brasil estaria experimentando, vide líderes da Teologia da Prosperidade e alguns artistas do segmento Gospel.

Quero fazer as seguintes considerações:

1) Entendo que a igreja evangélica brasileira de um modo geral está mal nutrida da sua bússola de fé (as escrituras).

2) O movimento gospel, abastecido por alguns astros da música, cujos manjares é idêntico ao dos comerciantes do pop music secular, representa bem mais um mercado do que um reduto de verdadeira adoração ou um campo missionário.

3) Os avivamentos pautados na palavra de Deus ocorreram com o retorno as escrituras sagradas, a auto consciência do estado de pecaminosidade, e não na ênfase de experiências humanas, ou bênçãos materiais.

4) Segundo pesquisa realizada e publicada na obra Reforma Agora, do Pr. Renato Vargens, 50% dos pastores do Brasil nunca leram a Bíblia toda. Ou seja, uma enorme quantidade de igrejas cristãs no Brasil são lideradas por homens despreparados e sujeitos a qualquer vento de doutrina vã.

5) Atualmente você não vê nenhum outro segmento religioso no Brasil nos dando mais indícios de loucura e insanidade do que os "evangélicos" - basta computar as centenas de vídeos insanos, bizarros, forjados e vergonhosos.

Diante disso, quando expomos alguma opinião relacionada a tal quadro, não o faço por desejar desunião ou por falta de amor. Só o faço por democraticamente expor a minha fé; ratificar que isso ou aquilo não representa biblicamente o Evangelho, e acenar para a necessidade de uma “nova reforma”, ou redefinição dos postulados da fé cristã nos dias de hoje.

O que me entristece? O fato de receber ataques Ad Hominem por parte daqueles que acham que tudo está normal e me acusam de “perseguir” o movimento evangélico. O que, sinceramente tenho a dizer é: eu defendo a “Loucura do Evangelho”, e não a “Loucura de alguns Evangélicos”. Note:

a) Somos acusados de dividir o reino

b) Somos acusados de tocar nos “ungidos do Senhor”

c) Somos acusados de não entender as coisas espirituais (principalmente quando não se há respaldo bíblico para elas)

d) Corremos o grande risco de que alguns crentes se afastem de nós

e) Corremos o grande risco de nos tornarmos uma espécie de intruso dentro da igreja

Uma característica do inchaço de muitas igrejas é o pragmatismo, o hedonismo, as ênfase nas bênçãos, o bem estar das coisas de Deus e não o próprio Deus... isso nos lembra os tempos do profeta Jeremias quando o povo de Israel se mostrou tão hedônico, apegado as coisas da terra, fartos porém das coisas dEle e esquecidos do próprio Deus.

“Como, vendo isto, te perdoaria? Teus filhos me deixam a mim e juram pelos que não são deuses; quando os fartei, então adulteraram, e em casa de meretrizes se ajuntaram em bandos. Como cavalos bem fartos, levantam-se pela manhã, rinchando cada um à mulher do seu próximo. Deixaria Eu de castigar por estas coisas, diz o SENHOR, ou não se vingaria a minha alma de uma nação como esta?” (Jeremias 5:7-9)

Portanto, se você querido leitor, hostiliza alguns comentários e críticas relacionadas aos postulados que fiz acima, eu entendo que você:

1) Defende que a igreja evangélica brasileira está crescendo por motivo de um avivamento e está bem nutrida da Palavra.

2) Defende que movimento gospel tem representado o evangelho de Jesus sendo um reduto de verdadeira adoração e um campo missionário.

3) Defende que os avivamentos pautados na palavra de Deus ocorreram na ênfase de experiências humanas, bênçãos materiais e multiplicação do número de igrejas (mesmo aquelas que surgem de rachas, ou por insubmissão).

4) Defende que apesar de 50% dos pastores do Brasil nunca terem lido a Bíblia toda, isso não importa porque “a letra mata e a teologia enterra” – logo, o que vale é ser cheio do Espírito Santo.

5) Defende que o que tem ocorrido no segmento religioso no Brasil não são indícios de loucura e insanidade; boa parte dos vídeos esquisitos que circulam pela net são “mistérios” e devem ser assimilados como um mover de Deus. Isto posto, se você considera corretas estas cinco observações acima, e discorda da crítica relacionada ao nosso panorama geral. E se isso pra você é dividir o reino (embora pra mim não seja). Que este se divida!

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Antognoni Misael

Fonte: http://www.artedechocar.com/2014/11/a-loucura-do-evangelho-sim-loucura-dos.html